Mensagem das Presidentes
Por que o tema “Inclusão Social e Produtiva na Década da Restauração”?
Em 2019, a Organização das Nações Unidas declarou que, entre 2021 e 2030, estaremos na Década da Restauração Ecológica. Essa declaração vem ao encontro de uma série de acordos internacionais que tem metas ambiciosas de recuperação de áreas degradadas, com vários países signatários (Acordo de Paris, Bonn Challenge, Declaração de Nova York, dentre outros). Todas essas declarações e acordos apontam para uma direção: estamos enfrentando uma era de enormes desafios ambientais, e precisamos de uma estratégia clara e colaboração global para reverter este quadro.
A ciência e a prática da restauração são importantes aliados para alcançar as metas acordadas globalmente. A restauração ecológica é o processo de auxiliar a recuperação de um ecossistema que foi alterado, degradado ou destruído (SER, 2004), e representa um compromisso de longo e indeterminado prazo, gerando serviços ambientais fundamentais para a sobrevivência da população. Entre tais serviços podemos citar a regulação do fluxo e qualidade dos mananciais hídricos, a manutenção da fertilidade do solo, as belezas cênicas, o equilíbrio climático, a conservação da biodiversidade e a segurança alimentar.
Para que a restauração aconteça de fato e ganhe a escala necessária, é importante o engajamento social. Em áreas que hoje estão degradadas e, em muitos casos, improdutivas, a restauração ecológica pode representar tanto uma oportunidade de conservação como uma oportunidade econômica. A chamada “cadeia da restauração” envolve desde coletores de sementes, passando por produtores de mudas, empresas e técnicos que executam os projetos de restauração, produtores rurais que tenham áreas a serem recuperadas, empresas que tenham passivos ambientais decorrentes de seus processos, poder público (que define regras e políticas públicas que geram demandas de restauração), empresas que oferecem suporte técnico e científico para a restauração, extensionistas, entre outros.
É fácil perceber que a cadeia da restauração demanda uma grande gama de pessoas e profissionais e tem um enorme potencial de geração de emprego e renda. O Brasil desempenha um papel chave neste cenário, já que estimativas indicam que 2 milhões de empregos podem ser gerados através da recuperação de áreas degradadas. Não deveria haver conflito entre produção, restauração e conservação de áreas naturais, já que estas atividades podem se complementar!
Nesse contexto, a III Conferência Brasileira de Restauração Ecológica – SOBRE2020 e o I Seminário Brasileiro de Sementes Nativas escolheram como tema “Inclusão social e produtiva na década da Restauração Ecológica”. Como articular os elos da cadeia da restauração, e como integrar a produtividade de áreas agrícolas às práticas de conservação e recuperação da biodiversidade, envolvendo diferentes setores da sociedade é o nosso grande desafio atual. Este ano, queremos trazer esses distintos setores para o debate, com apresentação de abordagens inovadoras e complementares.
Com a mudança para o evento on line, esperamos que ainda mais pessoas consigam participar do evento e contribuir com as discussões. Serão distintos olhares sobre a restauração ecológica, necessidades, interesses e oportunidades interagindo intensamente. Esperamos você para construir juntos uma agenda inclusiva e produtiva para a cadeia da restauração ecológica brasileira!
Presidente SOBRE2020
I Seminário Brasileiro de Sementes Nativas