5º CONGRESSO BRASILEIRO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO

Dados do Trabalho


Título

ANÁLISE DA QUALIDADE DO AR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO E AS RELAÇÕES COM AS MEDIDAS RESTRITIVAS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 (2019-2021)

Resumo

A emergência da pandemia de COVID-19 alterou bruscamente o cotidiano da população mundial. Diante da escalada de contágio e mortes, os países responderam de modos distintos ao avanço do vírus e o isolamento social (em maior ou menor intensidade) foi uma das atitudes mais imediatas dos governos. Dentre as evidências mais rápidas, como a diminuição da curva de contágio e a redução da pressão nos equipamentos públicos e privados de saúde, a limitação de atividades pode eventualmente resultar na diminuição da emissão de poluentes e uma melhoria na qualidade do ar, uma vez que fontes emissoras já conhecidas, como veículos e indústrias, tiveram alteradas suas intensidades. A emissão de poluentes em larga escala está associada ao agravamento das mudanças climáticas, acidificação dos solos e da água, alterações nos ciclos biogeoquímicos, perda de biodiversidade, chuvas ácidas e eutrofização. A partir de março de 2020 o governo do estado de São Paulo emitiu diversos decretos de suspensão de atividades diante do cenário pandêmico que se iniciava no país. O presente trabalho analisou a variação da qualidade do ar no município de São Paulo em relação aos diferentes cenários de maior ou menor restrição de atividades durante a pandemia, a partir destes decretos. Com base nos dados de qualidade do ar da estação de medição de Ibirapuera, foram analisadas as medidas de monóxido de carbono (CO), ozônio (O3), partículas inaláveis finas (MP2,5), precipitação e temperatura, a partir de dados disponibilizados pelo sistema QUALAR da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e do Banco de Dados Meteorológicos do INMET. Comparando com dados de 2019 (ano sem pandemia) observou-se uma diminuição de 0,1 ppm no valor mínimo e 0,3 ppm no valor máximo de CO. As medidas de MP2,5, por sua vez, mantiveram o valor mínimo e tiveram um aumento de 13 µg/m3 no seu máximo. Quanto ao ozônio, houve um aumento de 2 µg/m3 em seu mínimo e uma queda de 6 µg/m3 em seu máximo. Constatou-se também que fatores como precipitação e temperatura possuem uma influência maior sobre a concentração de poluentes do que as medidas de restrições de atividades, ao menos para a localidade avaliada. A ausência de um padrão rígido dessas restrições, ocasionando sua flexibilização ao longo de todo o período analisado, pode ser uma chave interpretativa importante deste fenômeno, somando-se ao posicionamento negacionista adotado abertamente pelo governo federal desde o início da pandemia. Para que medidas deste tipo possam ser realmente eficientes e significarem redução na emissão dos poluentes analisados, como ocorreu, ao menos no início da pandemia em outros países como Espanha, Índia e cidades como Nova Iorque, parece necessário que as medidas restritivas sejam mais rígidas.

Palavras-chave

COVID-19; Poluição atmosférica; Qualidade do ar.

Área

Impactos Ambientas no contexto da Covid-19

Autores

POLYANNA BARROS PINHEIRO DE JESUS, MARCIO HENRIQUE BERTAZI