5º CONGRESSO BRASILEIRO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO

Dados do Trabalho


Título

Identificação dos principais aspectos ambientais a serem considerados no licenciamento ambiental das atividades de exploração e produção de shale gas no Brasil

Resumo

Nos reservatórios não convencionais, os hidrocarbonetos encontram-se aprisionados em rochas com baixa porosidade e pouca permeabilidade. Dessa forma, a movimentação dos fluidos nelas contidos é bastante dificultada. Como o processo não convencional de exploração apresenta algumas peculiaridades, um acompanhamento ambiental mais detalhado contribui com ganhos de eficiência ao se prever com mais detalhes os riscos envolvidos nesta atividade. Neste sentido, este trabalho tem como objetivo delimitar os principais aspectos ambientais relacionados à exploração e à produção de gás não convencional, despertando a atenção para a necessidade de uma regulação específica para esta alternativa energética que ganha espaço crescente no mundo. Para isto, uma a revisão crítica das pesquisas e informações existentes sobre os aspectos ambientais associados ao shale gas em outros países foi realizada. Os resultados obtidos com a revisão da literatura internacional mostram que os trabalhos publicados que abordam a temática de avaliação de impacto ambiental de shale gas, frequentemente, analisam temas como riscos, emissões, concentrações de poluentes, opções tecnológicas, substâncias químicas e águas subterrâneas. Ademais, o método de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) aparece em muitos dos trabalhos de pesquisa publicados. Os estudo analisados indicam que a produção de petróleo e gás gera grandes volumes de águas residuais que requerem manejo, especialmente quando há fraturas hidráulicas, como é o caso do shale gas. Um dos principais riscos do fraturamento hidráulico é o de poluição dos lençóis freáticos e aquíferos. As fraturas, quando mal monitoradas, podem causar a migração do fluido de fraturamento com agentes químicos para outras camadas. Outro risco associado é a possibilidade do fraturamento causar abalos sísmicos de baixa magnitude, em torno de 1 a 3 na escala Richter. Adicionalmente, o processo de perfuração em si pode deixar resíduos químicos no ar como benzeno e metano, os quais, ao entrarem em contato com o oxigênio do ar atmosférico, podem gerar óxidos nitrogenados (NOx) formando o smog, contribuindo para o aumento da poluição atmosférica. Com relação a emissões, a pegada de GEE do shale gas é significativamente maior do que a do gás convencional, devido às emissões de metano com fluidos de refluxo e da perfuração de poços durante a conclusão do poço. Pode-se concluir que pesquisas futuras devem incluir estudos de diferentes bacias em diferentes localidades, a fim de determinar os riscos gerais para os recursos hídricos do desenvolvimento de shale gas. Ainda há falta de dados e transparência nos estudos de impactos ambientais relacionados a shale gas. A grande pegada de GEE do shale gas enfraquece a lógica de seu uso como combustível de transição nas próximas décadas, se o objetivo for reduzir o aquecimento global. Substituir estes combustíveis fósseis por shale gas pode não ter o efeito desejado de mitigar o aquecimento do clima.

Palavras-chave

gas não convencional, impacto ambiental, regulação

Área

Regulação da AIA e do licenciamento ambiental

Autores

LUCIANO JOSÉ DA SILVA, VIRGINIA PARENTE, EDMILSON MOUTINHO DOS SANTOS