5º CONGRESSO BRASILEIRO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO

Dados do Trabalho


Título

A AUTOCORRELAÇÃO ESPACIAL DAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS E SOCIOECONÔMICAS NA REGIÃO DE INFLUÊNCIA DA BR-163, PARÁ.

Resumo

A BR-163 pode ser considerada um empreendimento de alto interesse do governo, pois é capaz de escoar a soja produzida em Mato Grosso ao porto de Santarém (PA), facilitando a dinamização econômica, a ocupação, expandindo as fronteiras agrícolas e aumentando os aglomerados urbanos, causando impactos significativos do ponto de vista ambiental, social e econômico. Para identificar esses impactos, as técnicas que utilizam dados espaciais têm sido amplamente aplicadas para mensurá-los e para auxiliar na busca por respostas. Com isso, tem-se a pergunta: “Existe correlação espacial entre variáveis ambientais e socioeconômicas nos municípios das microrregiões afetadas pela BR-163, entre 2001 e 2018, no Estado do Pará?” Para responder à pergunta de pesquisa foram selecionadas nove variáveis baseadas na literatura pertinente do objetivo de estudo: Área desmatada; Focos de queimadas; Área de floresta nativa; Área de pasto; Área colhida; PIB per capita (VPPIB); Efetivo bovino; Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e Índice de Gini (GINI). Como metodologia, foi utilizado o Índice de Moran Global e Local para identificar o nível de autocorrelação espacial das variáveis escolhidas e para a identificação de agrupamentos espaciais (clusters) na microrregião de Altamira, São Felix do Xingu, Itaituba, Almeirim, Santarém e Óbidos. Foram utilizados os softwares GeoDa versão 1.18.0.0 em conjunto com o software Excel para organizar a base de dados e para a elaboração dos mapas temáticos foi utilizado o software QGis versão 3.10.9. Foi gerado o Moran Scatter Plots para todas as variáveis selecionadas entre 2001 e 2018, prosseguindo para a identificação e análise dos clusters espaciais pelo Lisa Map do Índice de Moran Local. Os resultados apontam que há correlação espacial significativa nas variáveis: Efetivo Bovino (2001, 2005, 2007, 2013 e 2017), Área Colhida (2001, 2002, 2005 e 2012), Produto Interno Bruto per capita (2011 e 2012), Área Urbana (2001, 2010 e 2016), Área Florestal (2005, 2006, 2007, 2008, 2010, 2018), Focos de Queimadas (2001, 2003, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2015, 2017 e 2018), Desmatamento (em todos os anos de análise, exceto 2017), Área de Pasto (2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2008, 2013, 2017 e 2018) e não houve autocorrelação significativa nas variáveis IDHM e Índice de Gini. Portando, o estudo fortalece a discussão presente na literatura de que a região da BR-163 possui arranjos espaciais impactados por variáveis agropecuárias e econômicas. Ao mesmo tempo, também pode-se perceber que os pontos de queimadas e incêndios florestais, assim como o desmatamento, foram as variáveis com maior autocorrelação espacial presente em diversos anos do recorte temporal. O estudo reforça que as políticas públicas e ações de monitoramento necessitam levar em consideração o contexto espacial dos impactos ocasionados pela rodovia BR-163, visando a mitigação e contenção do avanço da degradação ambiental na região.

Palavras-chave

Agrupamentos espaciais; Impactos ambientais e socioeconômicos; BR-163

Área

AIA e a conservação da biodiversidade

Autores

LETÍCIA ALVES DE ARAUJO, DIEGO FREITAS RODRIGUES, JANAÍNA ACCORDI JUNKES