5º CONGRESSO BRASILEIRO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO

Dados do Trabalho


Título

DO GARIMPO A HIDRELETRICAS: PERCEPÇOES DE IMPACTOS NA PESCA DE POPULAÇOES BEIRADEIRAS E INDIGENAS DOS RIOS TAPAJOS E XINGU

Resumo

As bacias dos rios Tapajós e Xingu, localizadas na Amazônia oriental e em grande parte no sul do estado do Pará, possuem grande sociobiodiversidade que vem sendo afetada pelo avanço da fronteira de desenvolvimento para a região amazônica, a partir da construção de grandes projetos de hidrelétricas, portos, hidrovias e pela intensificação da atividade de mineração de ouro. No caso da bacia do rio Tapajós (sudoeste do Pará), a atividade garimpeira, desenvolvida há mais de meio século, vem sendo intensificada por meio do uso de processos de extração mecanizados que, ao mesmo tempo, aumenta a produção de ouro e pode contribuir com as alterações dos modos de vida relacionados à atividades de pesca de populações beiradeiras e indígenas da região. Já na bacia do rio Xingu, onde também há histórico e atividades atuais de garimpagem ao longo da bacia hidrográfica, há evidências concretas de impactos socioambientais negativos em populações beiradeiras e povos indígenas, sobretudo na região do médio Xingu, durante e após a implantação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Considerando que em ambas as bacias, as atividades de pesca se caracterizam como importante componente de modos de vida destes povos, já que são fonte principal de subsistência, geração de renda, relações sociais e de lazer, o objetivo deste estudo foi analisar os impactos das atividades garimpeira e hidrelétrica nas atividades de pesca de populações indígenas e beiradeiras das bacias dos rios Tapajós e Xingu. Para isso, o trabalho ampara-se em bases teóricas e conceituais relacionadas aos modos de vida local, percepção e no etnoconhecimento das populações beiradeiras do alto Tapajós e dos indígenas da Volta Grande do Xingu. Por meio de análise documental e entrevistas semiestruturadas utilizando mapa de Plano de Uso com grupo de pescadores artesanais, foi possível elucidar alguns resultados provenientes dos impactos da atividade garimpeira e hidrelétrica nessas regiões, como: percepções sobre mudança na vazão e na qualidade da água, interferência em técnicas de pesca e na navegação, redução de algumas espécies de peixes, desaparecimento de pontos de desova de quelônios, alterações em ambientes de lazer, entre outros aspectos. Os resultados apontam que a abordagem adotada, somada às análises dos conhecimentos locais descritos nas percepções de impactos pelas populações, permitem uma visão sistêmica dos impactos socioambientais e qualificam a avaliação de impactos a evidenciar impactos cumulativos sinérgicos, ressaltando importantes contribuições de grupos sociais que são frequentemente silenciados e deslegitimados em processos de licenciamento ambiental.

Palavras-chave

Amazônia, modos de vida, populações beiradeiras e indígenas.

Área

Impactos sociais, culturais e sobre a saúde

Autores

LAIZE SAMPAIO CHAGAS SILVA, RENATA UTSUNOMIYA, EVANDRO MATEUS MORETTO